O futuro do trabalho está na sala de reuniões: O que está em jogo para empresas e profissionais
Decisões sobre talentos e cultura organizacional estão moldando o desempenho — e a sobrevivência — das empresas no novo mercado de trabalho.
4/12/20255 min read


Por Redação MQM
A força de trabalho está no centro das transformações que moldam o futuro dos negócios. Em um cenário global marcado por mudanças tecnológicas aceleradas, instabilidade econômica e demandas sociais cada vez mais complexas, liderar pessoas se tornou uma das maiores prioridades estratégicas para empresas em todo o mundo.
De acordo com a Deloitte, na pesquisa “Priorizando questões de força de trabalho na sala de reuniões”, os temas ligados à gestão de talentos e habilidades da força de trabalho ocupam hoje o topo da agenda de conselhos administrativos e lideranças executivas. O estudo revela que 86% dos conselhos diretores enxergam a estratégia de talentos como uma prioridade crítica — mas apenas 17% consideram que suas empresas estão “muito preparadas” para enfrentar os desafios dessa nova era.
A lacuna entre intenção e ação
Apesar do reconhecimento da importância de preparar a força de trabalho para o futuro, a pesquisa aponta uma lacuna preocupante entre intenção e prática. Enquanto os conselhos desejam impulsionar o desenvolvimento de novas habilidades, promover ambientes mais inclusivos e preparar líderes para lidar com a transformação digital, poucas organizações têm clareza sobre como agir de forma estruturada e consistente.
O resultado disso é uma espécie de paralisia estratégica: todos sabem que algo precisa ser feito, mas poucos estão realmente tomando decisões com base em dados sólidos sobre sua força de trabalho — como capacidade analítica, lacunas de habilidades e perfis emergentes de liderança.
O profissional do futuro: mais humano e mais preparado
A pesquisa da Deloitte também reforça uma verdade fundamental para quem deseja se manter relevante no mercado: as competências técnicas são importantes, mas não suficientes. Em um ambiente de mudanças constantes, as chamadas soft skills — como adaptabilidade, empatia, pensamento crítico, colaboração e comunicação eficaz — serão o verdadeiro diferencial competitivo.
Segundo o Future of Jobs Report 2023, do Fórum Econômico Mundial, até 2027 cerca de 60% da força de trabalho precisará passar por algum tipo de requalificação ou atualização de habilidades. A combinação entre lifelong learning (aprendizado contínuo), mentalidade digital e inteligência emocional será essencial não só para se manter empregado, mas para crescer em um mercado em constante reinvenção.


O papel das empresas: repensar cultura e liderança
A transformação do trabalho exige também uma profunda revisão na cultura organizacional. A Deloitte destaca que as empresas que desejam prosperar nesse novo contexto precisam adotar modelos de liderança mais empáticos, colaborativos e voltados ao desenvolvimento de pessoas — deixando para trás práticas baseadas em comando e controle.
Além disso, os conselhos precisam se comprometer com decisões baseadas em dados, integração de estratégias de capital humano com os objetivos de negócios e criação de ambientes mais inclusivos, diversos e inovadores.
Expectativas em transformação e o impacto da IA nas relações de trabalho
“O grande desafio é a escassez de talentos e a necessidade de aprimorar e requalificar uma grande proporção de nossas forças de trabalho — para repensar com uma perspectiva mais ampla.” A afirmação de Garcia-Poveda, presente no relatório da Deloitte, resume um dilema enfrentado por empresas em todo o mundo: como alinhar as estratégias de negócio às novas expectativas dos profissionais — ao mesmo tempo em que a tecnologia redefine as regras do jogo.
À medida que os modelos de negócios evoluem e a inteligência artificial se torna parte essencial das operações, os profissionais também passam por uma transformação profunda em seus valores e prioridades. Já não se trata apenas de salário ou estabilidade. Cada vez mais, as pessoas buscam propósito, desenvolvimento, bem-estar, reconhecimento e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
As novas expectativas da força de trabalho
De acordo com a Deloitte, o que está em jogo não são apenas as expectativas dos colaboradores em relação às empresas, mas também o modo como eles encaram o próprio trabalho. As perguntas que antes eram raras em processos seletivos agora se tornaram comuns: "Essa empresa tem um propósito alinhado com o meu?" “Vou poder crescer aqui sem sacrificar minha saúde mental?” “Como é o ambiente de inovação e diversidade?”
Essa mudança de mentalidade é especialmente evidente entre as novas gerações — mas não se limita a elas. Profissionais de todas as idades estão reavaliando suas prioridades, e empresas que não entenderem isso correm o risco de perder talentos estratégicos.
O impacto da Inteligência Artificial nas relações de trabalho
Somado a isso, a ascensão da inteligência artificial está acelerando a necessidade de requalificação profissional. Funções repetitivas e operacionais estão sendo rapidamente substituídas por automação, e mesmo áreas antes consideradas técnicas ou criativas estão sendo desafiadas por ferramentas baseadas em IA generativa.
Segundo o Future of Jobs Report 2023, do Fórum Econômico Mundial, mais de 44% das habilidades dos trabalhadores precisarão ser atualizadas nos próximos cinco anos. Isso exige não apenas domínio técnico, mas também soft skills como pensamento crítico, inteligência emocional, colaboração e flexibilidade — justamente aquelas que as máquinas ainda não conseguem replicar.
Além disso, a presença crescente da IA exige uma nova ética do trabalho. Como equilibrar produtividade com humanidade? Como garantir que decisões tomadas por algoritmos não comprometam a diversidade, a inclusão e o bem-estar? Esses são debates que estão sendo levados para dentro das empresas — e cada vez mais, para as salas de reunião dos conselhos estratégicos.
Conclusão: o futuro já chegou
O futuro do trabalho não é mais uma projeção distante — ele já está moldando o presente de empresas, líderes e profissionais em todo o mundo. Organizações que se anteciparem às transformações e investirem no desenvolvimento das pessoas estarão mais preparadas para inovar, atrair talentos e se manter relevantes em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.
Como aponta a própria Deloitte: "as decisões que os conselhos tomarem agora sobre o futuro da força de trabalho terão impacto direto sobre a capacidade das organizações prosperarem no mundo de amanhã.”


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